quarta-feira, 5 de março de 2008

PARTICIPE DA BICICLETADA



O que é a BICICLETADA?

A Bicicletada é um movimento no Brasil e em Portugal inspirado na Massa Crítica, onde ciclistas se juntam para reinvidicar seu espaço nas ruas.

Os principais objetivos da Bicicletada são: divulgar a bicicleta como um meio de transporte, criar condições favoráveis para o uso deste veículo e tornar mais ecologicamente corretos e sustentáveis os sistemas de transporte de pessoas, principalmente no meio urbano.

O maior mote da Bicicletada é "um carro a menos", usado principalmente para tentar obter um maior respeito dos veículos motorizados que trafegam nas ruas saturadas das grandes cidades.



Exemplo de Ciclovia em via compartilhada



UM CICLISTA E A MENINA DA VAN
Por *Lyel Campanatti

Posso me considerar um ciclista que utiliza a bicicleta para ir para o trabalho.

Faço isso há 11 anos – 7 anos na década de 80-90 e 4 anos desde 2004. Levo à sério. No ano passado só utilizei o carro para ir para o trabalho 13 vezes. Minha meta para este ano é utilizar apenas 12 vezes. Tô bem na fita. Tirando a primeira semana depois de férias que tive que levar carro para revisão, etc e usei o carro três vezes – nas demais semanas até hoje não usei o carro nenhuma vez. Tem que ter disciplina, senão a preguiça toma conta. Acho que dá certo para quem tem a rotina de afazeres estável como é a minha que não envolve academia, faculdade/universidade, cursos outros, etc. Saio de casa e vou para o trabalho, de onde volto para casa. Se preciso resolver alguma coisa que envolva o carro, procuro fazer isso a tempo de chegar em casa e deixar o carro para sair de bike para trabalhar.

No ano passado fiz um curso que me obrigava a passar do lado do meu local de trabalho bem cedinho. Ao final do curso, passava novamente do lado do meu trabalho e ia até lá em casa deixar o carro guardadinho na garagem para pegar a bike e voltar para o trabalho. É fogo né ... se fosse um curso rápido, acho que não ia fazer isso; mas foram quase quatro meses e pensei que se não fosse assim ia ficar muito tempo sem pedalar.

No local de trabalho tenho boa estrutura para a guarda da bike e na parte de vestiário/banho. Diariamente levo uma mochila de 39 litros nas costas onde guardo a muda de roupa que utilizarei no dia. A camisa social vai dobradinha dentro de uma caixa de tupperware. No armário do trabalho ficam calças penduradas, sapatos, cintos, sabonetes e outros. Tenho consciência que para homem é mais fácil pois um traje de trabalho de homem é mais fácil de acomodar numa mochila que o de uma mulher.

Teve uma vez que foi comédia. Chegou um cara novo no trabalho e viu o armário cheio de calças e sapatos aí ele já foi querendo pendurar uma camisa dele num cabide falando "que legal ... aqui tem armário comunitário" !!! kakakakaka.

Se tá sol vou de bike, se chove vou também. Se está no horário de verão, saio do trabalho ainda de dia; nos 8 meses normais, saio à noite mesmo. Uso todos os equipamentos de segurança, incluindo duas lâmpadas de sinalização na frente e duas na parte de trás da bike. Uso uma mountain bike para poder andar na grama, calçadas (sem atrapalhar ou assustar pedestres), etc. Sou educado e cordial, dou bom dia, peço licensa, falo obrigado e dou 'té logo'. Os ex-estranhos da ponte JK me comprimentam de volta e até já dão um sorriso de compreensão por eu estar andando de bike na passarela de pedestres. Onde já se viu colocar uma placa para o ciclista andar 1.200 metros de ponte desmontado da bike sem nos dar a opção de andar numa ciclovia segura – no trânsito da ponte, no cantinho que seja; no horário de rush – é suicídio !!! (que os doidos da Golden Gate não leiam isso).

Rezo para o papai do céu me proteger todos os dias, mesmo assim já tive o desprazer de ser derrubado da bike por um cobrador de ônibus com o braço de fora (1x), recebido uma pedrada jogada de uma peão em cima de um caminhão (1x), levado uma encostada pela lateral de um carro que simplesmente não me viu e quase passou por cima de mim (1x), e outros episódios que senti medo real de ser atropelado que não preciso relatar (Xx) - em dois achei que ia mesmo pra lá de bagdá (não tem jeito, se você é ciclista, sabe do que estou falando). Acho que tem menos gente que te desrespeita hoje em dia, mas ainda tem muita gente que simplesmente não tem olhos para ver ciclistas na rua. Sei lá, eu como motorista de carro também não os culpo; na velocidade, no meio do trânsito cheio de coisas passando por você a cada segundo, uma bicicleta é um 'nada' no meio daquilo tudo. Realmente só um motorista que é ciclista também, consegue ver as bicicletas nas ruas.

Pedalar para o trabalho é bom demaisssss. Não preciso arrumar um horário na minha agenda diária para ir a algum lugar fazer atividade física, que já fica 'tomaticamente' inserida no meu dia-a-dia sem eu sentir. Saio uma hora mais cedo de casa, pedalo meia hora e utilizo a outra meia hora para me arrumar e chegar no horário. No final do expediente, tudo é festa. Já cumpri meu dever; agora é pegar um ventinho gelado no rosto e esfriar a cuca. Passo sobre a ponte JK e às vezes paro para ver o reflexo da lua sobre as águas calmas do Paranoá. Alguns até me aguardam para ver se eu passo - e eu passo; passo sempre. Um dia descobri que uma menina de uns 8 anos me via diariamente na descida para a ponte JK de dentro de sua van escolar e chegava na casa dela, lá mesmo condomínio que eu moro, e ficava andando de bike na frente da casa dela esperando eu passar por lá. Um dia o pai dela veio me contar a história e eu achei muito legal. Ela me via lá na ponte, chegava em casa e falava pro pai que eu estava chegando.

Ir de carro para o trabalho não tem graça; de tão confortável, prático e rápido que é, perde a graça. Um dia que saí da minha sala, final do expediente, indo embora pra casa de carro, cheguei à garagem e encontrei meu carro pertinho, pronto para que eu entrasse nele, ligasse a chave e dirigisse sem qualquer esforço até chegar em casa, sã e salvo. Na hora senti uma sensação tão boa ... "nossa, não vou ter que ir ao vestiário, trocar de roupa, me encher de equipamentos, luzinhas, e outros apetrechos; pedalar, suar, pegar a subida da JK, arriscar a vida sendo atropelado, etc .... bom demais ..." Entrei no carro e fiquei pensando ... isso é o que todo brasileiro faz. Isso é o normal. Isso é o que o sistema quer que eu aceite como o normal. NÃO !!!!!!!!!!! Coisa de doido ... no dia seguinte, pedalando de volta para casa vi como era muito mais emocionante e completo. Cada doido com sua maluquice. Você tem a sua; eu tenho a minha. Vai encarar ???? Brincadeira ... se tiver na rua e a gente se encontrar, vai virar meu amigo; vai virar meu brother.
Já evitei que milhares de árvores fossem derrubadas. Um dia assisti num 'discovery channel da vida' que uma pessoa que anda de carro para fazer tudo na vida, é responsável por emissão de dióxido de carbono na atmosfera de uma quantia tal que precisaria evitar o corte de 9 árvores por semana (ele sozinho) para que o 'filtro de nosso planeta' continuasse dando conta do recado. Pois é ... agora é moda falar assim né? No começo era só pela bike, pelo exercício, pela economia de grana propriamente dito; agora também é pela poluição que estou deixando de fazer no planeta.

Não vou largar a bike pela insegurança do trânsito. Se tiver a sorte de chegar a ficar velho, vou ser um velho com muita saúde e isso é o que me importa. Afinal, o que é seguro para quem está vivo?
Lá em casa não sei se vou deixar meus filhos fazerem o mesmo que eu faço; mas uma coisa é certa – a sementinha já está plantada. Todos os dias, três crianças olham seu pai botar uma roupa de ciclista e uma mochila nas costas para ir para o trabalho (que diferença né !!!); e no final do dia, já a noite, não esperam uma buzina de automóvel fazer fom-fom anunciando a chegada e sim um trim-trim da buzininha da minha bike que leva um adesivo 'I love my bike'.

Abraços,
Lyel Campanatti

*Publicado com permissão do autor

4 comentários:

Anônimo disse...

Eu já pedelei em város centros urbanos, mas Brasília está entre os piores. Até em São Paulo os motoristas respeitam "um pouco" o ciclista.
Ontem eu estava pedalando no sentido L4-Sudoeste, pelo setor policial, e quase fui atropelado por 2 ônibus diferentes. Os caras passam tirando "fina" de propósito, mesmo sem carros do lado deles. E Olha que eu ando com luzes de seguranaça suficientes para o motorista me ver há 1 km de distência.
Realmente precisamos concientizar a população, principalmente os motoristas profisisonais, como ônibus, Vans, taxistas, etc, pois a coisa aqui no Brasil, mas especificamente em Brasília está triste.

Anônimo disse...

É isso mesmo, UNIÃO!!!

E DIVULGA a AÇÃO!!!

Eu, por exemplo, não tenho bicicleta (ainda - pois deveria existir um sistema de crédito exemplar para que todas as pessoas possam adquirir uma magrelinha... e tb as ciclovias... que cês acham disso?).

Então, eu sou vegetariana e ativista da Sociedade Vegetariana Brasileira, a caminho do veganismo, e sendo assim, a gente passa a ter mais consciência ética sobre nós e ao que nos cerca.

Sou amiga da Sandra Fayad, ela q mandou aviso da bicicletada 29/3... agora já tá lá na lista dos vegetarianos ....hehehehe
http://br.groups.yahoo.com/group/svb-bsb/

É isso pessoal UNIÃO faz a CONSCIÊNCIA+AÇÃO...

Qq coisa contem comigo, prá valer!!!!

CONVITE - nossa reunião da SVB - Nesta quarta, dia 26 <-> 19:30h, no Boa Saúde, haverá reunião de trabalho com os participantes do programa local de cultura vegetariana para tratar do projeto Encontro Temático - Boa Saúde, início W/3 norte, na 702, os fones (61) 3328 1459 e 3963 1918

Vamo lá galera!!! Abraços, Tanira 9838 1099

Anônimo disse...

Ué... Estava hj, dia 29/03, no local e hora combinados...e onde estavam os bicicleteiros!?!?
Bem, pelo menos valeu a pedalada nessa sábado de sol! Mas fiquei triste de não achar ninguém do movimento...

Quando será a próxima bicicletada? Qual é a forma de nos "acharmos"?

Anônimo disse...

Simmmm, eu tb sou uma ciclista!!!
Há 4 anos faço meus percursos de bike!
Armário e chuveiro no trabalho e uma mochila básica nas costas.
Por várias vezes acordei cheia de preguiça e tive q decidir entre a bike e o baú...Eh claro: o Baú perde! Faça chuva ou Sol, estou lá!
Passo pelos carros (normalmente, uma pessoa por carro!)e me sinto uma privilegiada! As pessoas já chegam ao seu destino indignadas! Por mais que leve fechadas e businadas, meu dia não é afetado!
Poderia enumerar vários motivos para uma pessoa usar a bike em vez do carro, mas perderei meu tempo citando dois para se usar um carro: Egoísmo e falta de consciência!
A Bicicletada é fundamental!!!
Infelizmente não pude ir nesta do dia 29/03, mas fiquei por dentro do que aconteceu, o grupo com o qual pedalo esteve lá, o "Vai Encarar?".
SE souber com mais antecedência dos encontros vou organizar minha agenda e tornar a Bicicletada prioridade!

Eh isso galera!
Parabéns pelo retorno!
Bom pedal!