terça-feira, 4 de março de 2008

CAOS NO TRÂNSITO

Olá!

Segue matéria publicada sobre os congestionamentos na capital paulista.
Lá, a cidade já parou. Aqui, na capital federal, não levará muitos anos para chegarmos a essa situação.
O aumento da frota de automóveis, a péssima qualidade do transporte público e a falta de incentivos às formas alternativas de transporte contribuem para o caos brasiliense.

Com a minha magrela, já chego mais rápido aos lugares do que os amigos com automóvel. Em horário de pico, é até vergonhoso desafiar a turma motorizada.

Abraço,

Uirá


Lentidão no tráfego piora na parte da manhã, mas melhora à tarde
São Paulo já tem 6 milhões de veículos; CET vem registrando recordes diários de congestionamentos
Camilla Rigi, Rodrigo Brancatelli, Rodrigo Pereira e Lais Cattassini

O Estadão

Andar de carro, moto ou caminhão em São Paulo no período da manhã está mais difícil. De 2006 para 2007, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) constatou que a velocidade média nas ruas caiu de 29 quilômetros por hora para 27 km/h. Ontem, às 9 horas, a CET registrou 149 quilômetros de lentidão em toda a cidade. O índice foi o maior já registrado no período da manhã neste ano, batendo o recorde de sexta-feira, de 146 km de congestionamento às 9h30. No segundo semestre de 2007, a média de engarrafamento pela manhã era de 94 km e à tarde, de 146 km.


"Que a velocidade está caindo todos sentimos no bolso, com o tempo que perdemos e os gastos com manutenção", afirma o consultor em trânsito Luiz Bottura. Ainda segundo a comparação da CET de 2006 e 2007, no período da tarde a situação melhorou um pouco - o motorista que trafegava a uma velocidade média de 20 km/h passou a circular a 22 km/h.

A situação, porém, se complica com o crescimento da frota a cada dia. Segundo o Departamento Estadual de Trânsito (Detran), fevereiro começou com 5.989.234 veículos licenciados na cidade, equivalente à frota de toda a Argentina. Desse total, segundo estimativas da Prefeitura e da Agência Nacional de Transportes Públicos (ANTP), 4,5 milhões de veículos rodam por São Paulo - os outros estão parados ou quebrados.Essa quantidade de carros não cabe ao mesmo tempo nos 17,2 mil km de vias da capital. O resultado são filas de carros e recordes de trânsito.

Segundo o ex-secretário municipal de Transportes, Adriano Branco, com a frota de automóveis cada vez maior, a tendência é que a velocidade evolua na proporção contrária, inclusive pela manhã. Branco, no entanto, questiona a medição da CET que aponta a redução do tempo gasto no trânsito no período da tarde, historicamente o que registra os maiores picos de congestionamento.

Há quase meio veículo por paulistano - a expansão da frota na última década foi mais de nove vezes maior do que o aumento da população. Nos horários de pico, com os 500 mil caminhões e carros de outras cidades que também passam por São Paulo, os especialistas calculam que são cerca de 4 milhões de motoristas disputando cada centímetro de asfalto. Há 30 anos, eram cerca de 900 mil.

"O pior é não ter perspectivas. Desde 1970, foram anunciados cinco grandes planos de transporte para a cidade, que englobavam uma política pública de verdade para o problema. Mas sabe quantos saíram do papel? Nenhum. Os paulistanos estão deixando de viajar, de ir no cinema, de aproveitar a cidade, tudo por causa dos congestionamentos" , constata o engenheiro Eric Amaral Ferreira, ex-diretor do Institute for Transportation and Development Policy (ITPD), entidade que estuda alternativas ao carro para o transporte no mundo.

Para este ano, a CET tem um orçamento R$ 600 milhões, que devem ser gastos com melhorias na sinalização, modernização dos semáforos, contratação de guinchos e troca de câmeras de monitoramento. "O sistema viário está no limite da saturação, qualquer interferência provoca um reflexo grande. Quanto mais rápido identificarmos um problema e resolvê-lo, menor é o impacto. Com as câmeras é mais rápido ver o problema", diz o diretor de Operações da CET, Adauto Martinez Filho. Das 276 câmeras, 116 funcionam. A licitação para recuperar equipamentos quebrados deve ser aberta até junho.

A CET atende a cerca de 700 ocorrências por dia - pelo menos metade causada por veículos quebrados. O bloqueio de uma faixa na Marginal do Tietê por apenas 15 minutos gera, em média, 3 quilômetros de fila.

"A CET deixou de ser um órgão de engenharia e passou a ser de operação, só para tocar os problemas do dia a dia. E ainda assim toca mal", diz o engenheiro Jaime Waisman, especialista em transporte e professor da Escola Politécnica da USP.

SEM ALTERNATIVA
Acostumados ao trânsito carregado e aos freqüentes congestionamentos, os paulistanos não vislumbram alternativas para minimizar o caos na cidade e adotam várias estratégias para conseguir chegar ao trabalho e cumprir seus compromissos.

Moradora de Perdizes, na zona oeste, Alessandra Martins sabe que se sair às 7 horas de casa não chega às 9 horas ao trabalho, uma financeira em Interlagos, na zona sul. Para driblar os congestionamentos sem abrir mão da atividade física, ela passou a sair às 6 horas de casa e a malhar também em Interlagos. "Se a academia não fosse no caminho, não conseguiria chegar ao trabalho", diz.

GREVE DE ÔNIBUS
Mais de 1.200 funcionários da empresa de ônibus Consórcio Via Sul entraram em greve na tarde de ontem. Eles reivindicam o pagamento de horas extras, que deveria ter sido feito no sábado. Todas as linhas ficaram paralisadas entre 13 e 21 horas. A normalização do serviço está prevista para hoje.

A Via Sul opera na zona sul. Segundo a São Paulo Transportes (SPTrans), a greve afetou mais de 70 mil usuários. Às 16h20, o Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência (Paese) foi acionado para evitar transtornos aos passageiros. Foram 223 ônibus em diferentes linhas.

Fonte: Estadão

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